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História da Ressuscitação cardiorrespiratória

O tratamento da parada cardíaca tem suas origens nos tempos bíblicos e os esforços de melhoria tem se prolongado através dos séculos. O marco para a realização das técnicas modernas ocorreu no ano de 1950, quando o procedimento foi dividido nos passos A (vias aéreas/Airways), B (Ventilação/Breathing) e C (Circulação/Circulation), e, em 1960, quando os pesquisadores Koewenhoven, Jude e Knickerbocker publicaram um artigo sobre o uso das manobras de compressão torácica externa, enfatizando que “tudo o que se precisa são duas mãos” descrevendo os seus achados sobre 14 sobreviventes em um universo de 20 tentativas em que aplicaram esta técnica (KUCMIN; PŁOWAŚ-GORAL; NOGALSKI, 2015; NOGUEIRA; SÁ, 2017).

 

Nesse momento existencial a RCP era considerada um procedimento estritamente médico, e seu impacto limitado. Paulatinamente, os pontos de vista foram mudando e, por volta de 1974, as grandes vantagens de envolver o público em geral tornaram-se mais evidentes, quando a AHA publicou em um importante periódico científico de medicina, suas primeiras diretrizes destinadas tanto aos profissionais da saúde quanto a leigos, tendo como ponto de partida, dois princípios. O primeiro princípio consistia no fato de que um método ideal poderia ser definido para todas as situações de parada cardíaca inesperada; e o segundo, de que a disseminação desse conjunto de procedimentos poderiam e deveriam ser posta em prática no âmbito da sociedade em geral (GONZALEZ et al. 2013).

Inúmeros esforços têm sido empreendidos no sentido de se estabelecer um protocolo padronizado para o tratamento da PCR através dos tempos, sendo o estabelecimento dessas diretrizes consolidadas na década de 60, quando se estabeleceu a ILCOR, que sistematizou esses esforços através de uma ampla revisão da literatura científica publicada referente ao tema, culminando com o primeiro consenso científico internacional, no ano de 2000, e vem realizando revisões periódicas deste consenso a cada quatro anos, que ocorreram em 2005, 2010, 2015; uma das importantes atualizações que ocorreu em 2015, foi a indispensabilidade de aguardar 4 anos para que haja alterações nos consensos, isso se dará a partir de então a medida que novos conhecimentos capazes de alterar condutas surgirem, o que permitiu desde então a atualização anual das diretrizes em 2018, 2019 e 2020 (AHA, 2015; NOGUEIRA; SÁ, 2017; NOGUEIRA et al. 2020; AHA, 2020).

 

Os Comitês internacionais de ressuscitação foram direcionados a aprimorar e produzir conhecimentos sobre a RCP, rever periodicamente as diretrizes e simplificar o processo do atendimento (AHA, 2010; AHA, 2015; AHA, 2020). Fazendo-se necessário, também prosseguir com a investigação em métodos de ensino que possam aumentar a retenção de conhecimentos e habilidades em RCP, num esforço contínuo para contribuir positivamente com os resultados do atendimento da parada cardíaca (SOAR et al. 2015; AHA, 2020; NOGUEIRA et al. 2020; PANCHAL et al. 2020).

Definição de Parada Cardiorespiratória - PCR

A parada cardiorrespiratória é definida como a cessação de atividade mecânica cardíaca confirmada por inconsciência (pessoa não responsiva), pela ausência de sinais de circulação central (ausência de pulso carotídeo ou femoral) e ausência de respiração (apneia) ou respiração agônica (gasping), presente em até 40% a 60% das vítimas. Nesses casos, a chance de sobrevivência do paciente, está vinculada à identificação precoce desse evento e à intervenção rápida e eficaz, a fim de possibilitar o retorno da circulação e ventilação espontânea com o mínimo de sequelas (NOLAN et al. 2015; HAZINSKI et al. 2015; NOGUEIRA et al. 2020; PANCHAL et al. 2020; FERREIRA et al. 2021).

Princípios da Educação em Ressuscitação

Dentre às questões-chave relacionadas às intervenções educativas e retenção de conhecimentos e habilidades identificadas pela ILCOR para o ensino da ciência da ressuscitação, Nogueira e Sá (2017) destacam que as intervenções educativas devem ser avaliadas no sentido de identificar fragilidades e lacunas nos conhecimentos, habilidades e atitudes, e garantir o alcance confiável dos objetivos de aprendizagem propostos e implementados. O objetivo é assegurar que os alunos adquiram e retenham as habilidades e conhecimentos que irão capacitá-los a agir corretamente em paradas cardíacas reais e melhorar os resultados. Ademais, conhecimento e habilidades de SBV deterioram-se em menos de três a seis meses. O uso de avaliações frequentes identificará os indivíduos que necessitam de cursos de atualização (GARCÍA-SUÁREZ et al.  2019; OERMANN et al. 2020).

O treinamento para realizar a ressuscitação de alta qualidade, desde a graduação, assegura a melhoria nas taxas de sobrevivência de vítimas de PCR, além de favorecer o desenvolvimento de habilidades cognitivas, comportamentais e psicomotoras necessárias para realizar com sucesso a RCP (BRANDÃO et al. 2020).

A educação em SBV destina-se a preencher as lacunas entre o desempenho real e o desejado, devendo possibilitar a aquisição de conhecimentos e habilidades de auto eficácia aos provedores de SBV, melhorar a capacidade destes para reconhecer e responder aos pacientes em risco de PCR; aumentar o desempenho da reanimação; e assegurar a melhoria contínua da sua qualidade (BHANJI et al. 2015; NOGUEIRA et al. 2020). Segundo estes autores, garantir que as vítimas de parada cardíaca recebam cuidados consistentes com o estado atual do conhecimento científico apresenta-se como um grande potencial para diminuir sequelas e óbitos evitáveis.

Métodos e Estratégias para o Ensino de SBV

O primeiro recurso tecnológico criado para fins de treinamento em SBV e amplamente utilizado até os dias atuais é o manequim, que possibilita o treinamento prático de procedimentos, tais como a ventilação e a compressão torácica externa. Ao longo dos últimos anos foram criados vários métodos para o ensino de SBV, entre eles estão: instrução com vídeo, autoinstrução através de vídeo e com uso de manequins, vídeos veja-depois-pratique com apoio de instrutor e práticas baseadas em cenários. Posteriormente, outros recursos como: vídeos, CD-ROM, DVD e websites foram incorporados, testados e utilizados com a finalidade de difusão de informações voltadas para o ensino das técnicas de RCP (GREIF et al. 2015; NOGUEIRA; SÁ, 2017). 

 

Para Nogueira e Sá (2017) os dados existentes sobre os métodos de treinamento ideais para SBV ainda são insuficientes. No entanto, identificam-se experiências exitosas. Tradicionalmente, os cursos ministrados por instrutor continuam sendo o método mais usual. Quando comparados com o treinamento tradicional ministrado por instrutor, programas de autoinstrução bem projetados (por exemplo, vídeo, DVD, feedback suportado por computador) podem ser alternativas eficazes para leigos e profissionais de saúde (GREIF et al. 2015).

Dentre os tópicos sobre educação em reanimação destacados nas atuais diretrizes da AHA, ressalta-se a necessidade de se definir a melhor estratégia de treinamento em RCP para o espectador com base em variáveis culturais e locais (BHANJI et al. 2015; GREIF et al. 2015; AHA, 2020).

Os resultados do estudo realizado por Santos et al. (2020), sugere que estratégias de ensino-aprendizagem com metodologias ativas e atualizações em intervalos de pelo menos seis meses parecem adequadas para melhorar o conhecimento. Entretanto, novos estudos com metodologia adequada e tempo de acompanhamento rigoroso ainda são necessários para confirmar os resultados apresentados.

Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação no Ensino Superior

A escola tem sido apontada como pouco atraente, não oferecendo atrativos, sendo descrita como um ambiente desmotivante para os alunos principalmente no ensino superior. Por esse motivo muitos alunos estão desistindo de estudar, por desinteresse, por falta de estímulos, por não gostarem de pesquisar e por acreditarem que escola está muito afastada de suas realidades (NOGUEIRA; SÁ, 2017).  Para estes autores, não basta colocar os alunos na escola, é preciso oferecer-lhes uma educação inquiridora, instigadora, estimulante, provocativa, dinâmica, ativa, desde o começo do curso e em todos os níveis de ensino.

Uma das características da sociedade contemporânea é a rapidez com que informações são transmitidas, o que se deve à globalização e à revolução tecnológica, que viabilizam novas maneiras de comunicação e organização da sociedade. As Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação (TDIC) têm impactado diretamente no cotidiano das pessoas, visto que transformam a sociedade e o cotidiano na maneira de se comunicar, estudar, trabalhar, de interagir com serviços, minimizando espaços e tempos, ao acessar e receber informações, influenciando, consequentemente na maneira de agir e pensar (ARAÚJO, 2016).

É sabido que as universidades ainda estão presas aos modelos tradicionais de ensino, submetendo seus alunos a métodos pouco flexíveis, repetitivos e monótonos. É certo que muitos desses alunos estão plenamente conectados e imersos em um mundo virtual que já faz parte de seu cotidiano; as suas relações e interações com o mundo já não são as mesmas, pois estes se comunicam e atualizam-se constantemente através das TDICs que estão disponíveis e crescem a todo o momento na sociedade moderna (NOGUEIRA; SÁ, 2017).

Considera-se que escolas não conectadas, são escolas incompletas (mesmo quando didaticamente avançadas). Discentes sem acesso contínuo às redes digitais estão excluídos de uma parte importante da aprendizagem atual, do acesso à informações diversificadas disponíveis on-line, da possibilidade de pesquisa rápida em bases de dados, bibliotecas digitais e portais educacionais; da participação em grupos e comunidades de interesse, nos debates e publicações on-line, enfim, de uma variada oferta de serviços disponíveis (ARAÚJO, 2016; NOGUEIRA; SÁ, 2017; SOUZA, 2020).

O incremento na utilização dos recursos tecnológicos no ensino de Enfermagem no Brasil é justificado pelas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) do Curso de Graduação em Enfermagem, que refere o domínio e uso adequado das TICs como uma das competências do Enfermeiro, e, também, pela Portaria n. 4.059 do Ministério da Educação que prevê que as Instituições de Ensino Superior (IES) poderão introduzir, na organização pedagógica e curricular de seus cursos superiores reconhecidos, a oferta de disciplinas integrantes do currículo que utilizem modalidade semipresencial totalizando, no máximo, 20% da carga horária total do curso, sendo as avaliações sempre presenciais (SILVA; PEDRO; COGO, 2011; NOGUEIRA; SÁ, 2017).

A utilização das TICs no processo ensino-aprendizagem tem se mostrado uma ferramenta capaz de fortalecer a construção do conhecimento e, por meio da ludicidade, auxiliar na formação de conceitos e no desenvolvimento de habilidades manuais em diversas áreas do ensino, desde o nível fundamental ao superior (PEREIRA et al. 2016).

Na área da saúde, é crescente o desenvolvimento e utilização das TICs, configurando-se em um mecanismo didático contemporâneo, que privilegia a automatização de processos, servindo para aumentar a segurança no processo decisório do cuidado. Ainda nesta perspectiva, alguns estudos têm demonstrado que a aplicação de recursos tecnológicos, como: Moodle, aplicativos, redes sociais, fóruns e AVA, proporcionam a aquisição de informações e habilidades cognitivas para a realização de procedimentos de saúde, aumentando a segurança e autoconfiança quanto à sua realização (PEREIRA et al. 2016).

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